Entesopatias ou Doenças de Inserção

Significado de Entesopatia:

Enthesos: Inserção do tendão ou ligamento ao osso
Pathos: Doença

Genericamente:

    Sindrome doloroso, que ocorre com a prática da atividade desportiva e geralmente com as atividades quotidianas que exigem movimentos repetitivos com hipersolicitações e microtraumatismos em zonas específicas de inserção tendinosa ou ligamentar do osso.

Os fatores etiológicos, são os mesmos que provocam as Tendinites (ver artigo anterior "Causas da tendinite").

 

Diagnóstico:

Dor localizada nas inserções tendinosas e ligamentares que aparecem com a prática desportiva no na vida quotidiana, com irradiação á musculatura.

 

Exames Complementares:

RX’s, prova que não pode ser menosprezada, e que nos informará de lesões osseas, osteofitoses (esporões) ou calcificações.

Ecografia e/ou Ressonância Magnética, para valorizar as estruturas tecidulares.

 

Avaliação:

Sempre dominada pelas imprudências e inquietudes do atleta. Surpreendentemente podemos assistir a uma cura rápida ou recidiva inexplicável, chegando á cronicidade ou episódios cíclicos. Seguindo o tratamento correcto e racional, consegue-se 70% de cura total.

 

Tratamento:

- Repouso de 20 a 90 dias.

- Associação de terapeuticas

- Anti-inflamatórios não estroídes (AINE’s), via oral ou tópica.

- Massagens, alongamentos, electroterapia

- Infiltrações com Concentrados Plaquetários (Factores de Crescimento) peritendinosas ou ligamentarees em número de 3 ou quatro com intervalo de uma semana para acelerar a sua regeneração.

- Cirurgia, não antes dos 3 meses de tratamento médico e fisio-electroterapeutico.

 

AFECTAÇÕES TENDINOSAS (localizações mais comuns):


Principais Entesopatias, Diagnóstico diferencial:

LOCALIZAÇÃO

DIAGNÓSTICO

EXCLUIR

 OMBRO

 * T. supraespinhoso

 Dor anteroexterna do ombro

 Arco doloroso

 RX’s: Calcificação da inserção

 Sequela de rotura da coifa dos rotadores

 Síndrome subacromial

 Neuralgia cervico-braquial

 COTOVELO


 *Epicondilite

 *Epitrocleite

 Dor na face externa do cotovelo

 Dor na fac interna do cotovelo

 Lesões intra-articulares

 Sindrome bloqueio nervo radial

 Sindrome bloqueio nervo cubital

 PUNHO

 *T. cubital (carpo)

 Dor no bordo interno do punho

 Aumento da dor ao desvio cubital carp.

 Instabilidade

 Sub-luxação rédico-cubital

 Lesões do ligamento triangular

 PELVIS

 *T. Adutores

 Dor na inserção dos adutores
 Adução musculo dolorosa

 Arrancamento do isquio

 Hérnia inguinal ou crural

JOELHO

*T. Pata de ganso

*T. rotuliana

 Dor na face infero-interna do joelho

 Dor inserc. Tend. En TTA ou rótula

 Meniscopatia interna

 Doença de Osgood-Schalter
 Sinding-Larsen-Johanson

 PERNA

 *Periostite tibial

 Dor na face antero-externa da tibia

 Fractura de stress (clínica inicial)

 PÉ

 *Fasceíte plantar 

 Dor no calcanhar

 RX’s: possibilidade de esporão calcâneo

 Sindrome do seio do tarso

 Ácido úrico

 

TENOSINOVITE

Generéricamente:

    Os tendões, principalmente ao nível das mãos e pés, são envolvidos por uma baínha denominada por sinovial, que assegura ao tendão um deslizamento suave com o minimo de fricção. Qualquer aderência, aumento da espessura, etc., destas baínhas podem fazer perder a sua função fundamental de favorecer o deslizamento, alterando secundáriamente o mesmo tendão.

    Num primeiro grau e devido á hiper-utilização das estruras tendinosas, aparece uma exudação serosa (líquido espesso que não é pus)  nas baínhas sinoviais (tenosinovites), o facto de não haver um tratamento adequado nesta fase, aparece um segundo grau em que a exudação produz uma estenose (estreitamento) das referidas baínhas com dificuldade no normal deslizamento do tendão, chegando á formação de aderências (tenosinovite estenosante).

Factores Etiológicos (que favorecem), são diversos e discutíveis:

  • Idade, quanto mais elevada mais facilidade na ocorrência, sobretudo apartir da quarta decada de vida.
  • Sexo, certas formas, como a tenosinovite estenosante de De Quervain, predomina no sexo feminino e nos remadores. Nas outras formas não existe alguma diferença.
  • Em geral, os mesmos que para as tendinites.

Diagnóstico:

    As baínhas sinoviais dos tendões extensores são superficiais, e por isso de fácil acesso à exploração clínica, ao contrário, as dos tendões flexores são profundas, motivo pelo devem ser procuradas com maior cuidado.

     A exploração objectivará dor á palpação no tendão afectado e com os movimentos activos de flexão ou extensão, segundo a baínha afectada, e com sensação táctil de crepitação. A mobilidade passiva estará limitada tanto pela dor como pelo efeito mecânico da inflamação das baínhas e/ou pela existência de aderências.

Tratamento:

Esta patologia deve ser tratada precocemente, no estado exudativo, com a finalidade de evitar processos de estenose ou aderâncias, os quais já requerem tratamento cirúrgico.

 

Rui Campos e Catarina Beça